sábado, 20 de julho de 2013

Você sabia? Quem descobriu o Brasil foi Hong Bao.





A cena está nos manuais de escola. Navios a vela chegam de um lugar distante, lotados de marinheiros, cartógrafos e almirantes. A tripulação avista a terra e a frota atraca na praia selvagem. Os livros escolares contam que, assim, os descobridores espanhóis e portugueses conquistaram a glória de ter explorado e colonizado a América e inauguraram uma nova era na história humana, com o planeta interligado. O marco da façanha foi 12 de outubro de 1492, quando o genovês Cristóvão Colombo aportou nas Bahamas - e recebeu o título de Descobridor da América. Os portugueses não ficaram atrás: Bartolomeu Dias foi o primeiro a dobrar o Cabo da Boa Esperança, em 1487. Dez anos depois, Fernão de Magalhães batizou com seu nome o estreito entre a América do Sul e a Terra do Fogo e Pedro Álvares Cabral achou nosso Brasil em 1500.

Só que todos esses heróis parecem estar com seus dias contados. De acordo com o cartógrafo e ex-oficial da Marinha Britânica Gavin Menzies, de 69 anos, é hora de fazer justiça. Quem descobriu o Brasil, diz ele, foi um chinês chamado Hong Bao. Os navegadores europeus só chegaram à América e às outras terras porque traziam em suas pequenas caravelas cartas náuticas copiadas de um Mapa do Mundo chinês. Ali, o Estreito de Magalhães levava o nome de Rabo do Dragão, e duas ilhas - Antilia e Satanazes - reproduzem Porto Rico e Guadalupe.

O mapa havia sido desenhado 70 anos antes. O livro de Menzies, 1421 - O ANO EM QUE A CHINA DESCOBRIU O MUNDO (Bertrand Brasil), está fazendo barulho por trazer documentos que comprovam que os reais descobridores da América e do planeta foram navegantes e cartógrafos chineses, em expedições chefiadas por almirantes eunucos. "Os livros de História já estão sendo reescritos", diz Menzies.

A cena dos navios desbravadores deve continuar parecida nos novos manuais. A diferença é que as caravelas saem para dar lugar a navios de junco, monstros de 13 mastros, com 55 metros de altura e 146 de comprimento, cheios de marinheiros, concubinas, flora, fauna e armas de fogo. Ao lado deles, as naves européias pareceriam cascas de avelã boiando no oceano.

Menzies descreve como He comandou a "viagem dos tesouros". A volta ao mundo durou 31 meses, entre março de 1421 e outubro de 1423. Quatro almirantes eunucos foram designados para percorrer o globo. Eram 130 navios, com cerca de 3 mil pessoas a bordo. O almirante Yang Qing ficou no Oceano Índico, desenvolvendo o método para determinar a longitude (até então, os chineses só traçavam as latitudes, a partir da observação das estrelas).



Só o leme de um junco possuía 11 metros de altura, comprimento da Niña, de Colombo. Para Menzies, a queda na visão eurocêntrica da História não vai parar aí. "O título de Descobridor da América deve ser atribuído a Zheng He", diz ele. "Ele foi um exemplo de tolerância cultural e religiosa, que até hoje deve ser seguido." Zheng He (1371-1433) lembra Colombo por ter sido protegido de um monarca, Zhu Di (1360-1424). Mas, diferentemente de Colombo, He era um eunuco muçulmano mongol, subserviente ao imperador chinês. Sua missão não consistia em conquistar territórios, pilhar e matar o gentio, como fizeram os europeus.

O imperador Di, da dinastia Ming, sonhava em descobrir o mundo, mapeá-lo e converter nações "bárbaras" em parceiras comerciais, em harmonia confuciana, com paz e tolerância. Na Idade Média, a China era a nação mais avançada do mundo.



Os demais oficiais cruzaram a costa sul da África na direção das "terras escuras". Zhou Wen zarpou rumo ao noroeste, em busca da mítica Terra de Tusang. Encontrou o Pólo Norte, a costa norte-americana, o Caribe, a Groenlândia e a Sibéria. Para o sul, navegaram Hong Bao e Zhou Man. Ambos aportaram na costa do Nordeste do Brasil em meados de 1421. Depois, Man atravessou o Pacífico, mapeou a região e descobriu a Austrália e a Nova Zelândia - 300 anos antes de James Cook. Bao avistou a Antártida. Seus cartógrafos mediram o Cruzeiro do Sul e estudaram o regime das correntes. No trajeto, as frotas recolhiam riquezas e vendiam porcelana, seda e plantas.


 Também fixavam colônias e ensinavam técnicas agrícolas. Para Menzies, a contribuição maior da China foi a disseminação da agricultura. Ao chegar à América, os europeus não perceberam que os índios cultivavam plantas exóticas (coco e inhame) e criavam galinhas trazidas da China. Exames recentes de DNA sugerem o parentesco de indígenas brasileiros e maoris com os chineses.


Gigantes de junco
As frotas chinesas possuíam milhares de navios gigantescos, de até 146 metros. Eles transportavam produtos, sábios, eunucos, concubinas e animais exóticos, como a girafa.


A maior parte dos navios de He naufragou. Destroços deles foram encontrados no Peru. De volta a Pequim, o que restou da frota não colheu glórias. Ao contrário. O imperador Zhu Di havia morrido. Seu filho, Gaozhi, ordenara o desmonte da indústria naval e o fechamento das fronteiras. Influenciado pelos mandarins - burocratas rivais dos eunucos, que eram militares -, Gaozhi eliminou a documentação sobre as expedições, inclusive o mapa-múndi, feito em 1428 pelos cartógrafos reais. Os anos de 1421 a 1423 foram designados pelos sábios oficiais como "perdidos". A China se isolaria por seis séculos. Algumas cartas náuticas chinesas sobreviveram.


Na tese de Menzies, o aventureiro veneziano Niccolò Da Conti (c.1395-1469) obteve o mapa dos chineses e o deu a Frei Mauro (c.1385-1459), cartógrafo que elaborou o célebre mapa-múndi de 1459 - tido como fantasioso. Mauro trabalhava para o rei dom Pedro, irmão do infante dom Henrique, fundador da Escola de Sagres, celeiro das navegações portuguesas. O autor supõe que os portugueses já tinham o mapa-múndi copiado dos chineses quando embarcaram na conquista dos mares. E que Colombo lhes roubou uma cópia, com a ajuda de um marinheiro. "Os europeus só seguiram as façanhas dos almirantes cujos nomes os livros têm de registrar agora: Zheng He, Hong Bao, Zhou Man, Zhou Wen e Yang Qing", diz Menzies.


             Aconselho que vocês assistam essa excelente série do History, rica em detalhes!


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