sábado, 7 de setembro de 2013

FILOSOFIA: A morte na filosofia socrática

Para que se entenda bem o pensamento de Sócrates, é preciso estar claro que ele mesmo nunca transcreveu seus ensinamentos; eles foram, posteriormente, disseminados por seus discípulos, especialmente Platão. Assim, não é fácil distinguir o que era defendido realmente por Sócrates das ideias preconizadas por seus seguidores, pois muitas de suas lições estão mescladas aos conceitos filosóficos de Platão, Xenofonte e outros.

Sócrates foi um pensador único e distinto de todos os seus contemporâneos. Ele defendia, já naquela época, a imortalidade da alma, além de ter a clara percepção de que havia sido imbuído por Apolo, um dos principais deuses da mitologia greco-romana, de um compromisso muito especial, a disseminação da máxima desta divindade, ‘conhece-te a ti mesmo’.

E a conclusão a que chega nesta busca é que o ser humano é um espírito encarnado, ou seja, uma entidade espiritual que vive por algum tempo na matéria. Anteriormente a este estágio, a alma vivia no mundo das verdades eternas, cultivando a realidade autêntica, a prática do bem e o belo. O Homem teria se distanciado destes ideais ao renascer e, recordando estes tempos, ele sente de forma mais ou menos acentuada a necessidade de retornar ao mundo que conheceu.

No mundo físico a alma normalmente se conturba e fica perdida, pois está agora vinculada a objetos perecíveis. Mas, quando se volta para si mesma, vislumbra novamente as ideias puras, eternas e imortais que outrora conhecera. Neste momento suas angústias desaparecem, é quando o espírito atinge o que se conhece como sabedoria. Daí a importância do autoconhecimento.


A morte é fundamental para Sócrates, porque permite que a alma se distancie novamente da matéria orgânica e, na esfera essencial, alcance o verdadeiro conhecimento; só então o ser será livre para atingir o saber em sua forma mais pura. Ele acredita que, por este motivo, os filósofos genuínos estão prontos para morrer, pois desejam, mais que ninguém, conhecer a essência da existência.

Depois da morte, o Homem é guiado pelo gênio ou daimon que lhe orientara durante o estágio material, na direção do Hades, o reino dos mortos, onde ele será submetido ao necessário julgamento. Os espíritos aí estagiam durante algum tempo e, posteriormente, renascem mais uma vez no corpo físico.
O filósofo não acredita que a alma possa se confundir no nada após a morte, porque isso seria rejeitar completamente todas as obrigações e deveres morais de que o ser humano se reveste e, portanto, um incentivo ao exercício do mal, pois o indivíduo sairia impune de suas práticas imorais.

Assim, somente os que exercem a virtude nada têm a temer da vida que continua depois da morte; quanto aos que cultivaram os vícios, colherão do outro lado o que plantaram durante a existência na matéria. Isto é uma consequência de outra crença de Sócrates, a de que os seres que conviveram na Terra se reencontram após morrerem e se recordam dos laços que cultivaram, sejam eles de amizade, amor e fidelidade, ou de ódio, adversidade e traição.

FONTE:http://www.infoescola.com/filosofia/a-morte-na-filosofia-socratica/
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